As cartelas de cores são um material de trabalho constante dos designers de moda.
São elas que permitem com que os produtos ganhem cor e, mais do que isso, que cativam os clientes na hora da compra. Em alguns casos, a cor é percebida antes mesmo da forma da roupa. Por exemplo, imagine-se em uma loja: você observa uma arara com várias peças e se dirige àquela que te chamou mais atenção. Qual foi o elemento que te direcionou? Com certeza foi a cor, porque, na arara, o modelo da roupa quase não aparece.
No trabalho do dia a dia dos designers de moda, as cores se concentram nas cartelas de modo que elas possam ser consultadas para o desenvolvimento dos produtos. Apesar de, algumas vezes, os designers atuarem com muita intuição na aplicação das cores, é necessário dizer que as cartelas não se resumem a um registro de uma iluminação criativa. Ao contrário, elas são ferramentas estratégicas e, como tal, merecerem ser cultivadas, porque elas podem ajudar muito no desenvolvimento dos produtos.
Grandes empresas de tendências publicam periodicamente suas apostas de cores para as próximas estações. As publicações são valiosas para o trabalho dos designers, porque agilizam processos e direcionam a criação. No entanto, todas as cores que você encontra podem ser aplicadas na cartela de cores da sua coleção? Como você seleciona? As cores indicadas pelas publicações representam integralmente o estilo e a identidade da marca?
As respostas para essas perguntas estão na formulação que a cartela de cores pode assumir no seu modo de trabalhar. Para tanto, é necessário ter em mente que a cartela de cor deve, antes de tudo, representar o estilo da marca. Marcas com uma trajetória mais consolidada reconhecem quais combinações são preferidas pelo seu público e, portanto, na hora de desenvolver os produtos, os designers sabem selecionar as cores das tendências para fazerem parte da cartela da coleção.
Chegar a esses dados não é simples e exige técnicas de pesquisa para que a marca possa transformar as informações de compra dos clientes em estratégias de criação de produtos. Por exemplo, escolha uma marca de sua preferência e observe nas mídias o histórico de fotografias dos produtos. Você percebe que há combinações que se mantêm, não é?
Pois bem, as combinações que se mantêm são aquelas que orientam as escolhas das cores que irão compor a cartela. Se o público tem preferência por combinações entre cores claras e escuras, você sabe que para a cartela de cores da próxima coleção deverão ser selecionas algumas referências claras e outras escuras para que, assim, elas possam ser combinadas, gerando o resultado esperado. Pense que o claro pode ser representado pelo branco, como também por todos os tons pastel. O mesmo ocorre com o escuro, que pode ser atributo da cor preta ou de um azul marinho. O que determinará as tonalidades serão os princípios de cores da identidade e do estilo da marca frente às tendências de moda. Ou seja, a escolha não é aleatória e a intuição criativa pode ser conduzida pela visão estratégica.
É importante lembrar que, quanto mais as cartelas de cores contemplarem diferentes amostras de tonalidade, luminosidade e saturação, mais contrastes serão possíveis através das combinações. Essa consideração se faz imprescindível para as marcas que empregam estampas como um diferencial de produto. Pelas características de cor das estampas, as combinações entre os produtos da coleção se tornam mais complexas, o que aumenta a necessidade estratégica de organização da cartela. A estratégia, nesse sentido, pode ser a geração de agrupamentos de cores de acordo com o desenvolvimento de famílias de produtos.
A internet oferece algumas possibilidades de websites e plataformas digitais nos quais é possível criar cartelas de cores de forma lúdica, realizando testes sobre seleção e combinação de cores, antes mesmo de você se arriscar na coleção de sua marca. Caso você tenha interesse, assista ao vídeo que fornece algumas orientações sobre ferramentas para cores, estampas e linhas de produtos.
Fonte: IMD. 30.04.20
